Lembro bem quando era criança íamos visitar minha Vó Caritas em Piraí estado do Rio de Janeiro, minha vó sentada a uma cama fazendo crochê, seus trabalhos eram maravilhosos, ela fazia crochê com qualquer tipo de fio e o mais impressionante era como ela falava do prazer que ela tinha de crochetar. Lembro-me dela fazendo uma colcha branca com linha bem fina, acho inclusive que era a linha 10, aquela que antigamente os meninos usavam para soltar pipas, era uma encomenda de alguém para um enxoval. Em outra ocasião cheguei lá e ela estava cortando em tiras saquinhos de leite, perguntei o que ela tava fazendo, aí ela me falou que era pra fazer crochê. Perguntei por que? Ela me respondeu que era pra fazer roupas e cobertas para o Hospital que abrigava as pessoas com fogo selvagem (Penfigo), naquela época acho que não tinha tratamento como agora, pois se eu tenho 63 anos e quando ia lá eu tinha uns 9 anos no máximo, então imagino que não tinha. Em fim ela fazia croche com fios de saquinhos de leite porque o plástico não gruda na pele como o tecido e era uma forma de vestir as pessoas com a doença. Hoje o croche é moda, mas fazer croche é uma terapia pra quem faz e um mimo pra quem recebe, o importante é fazer com prazer e quem sabe assim ganhar um graninha também. Caso você ainda não faça e quer aprender é só começar, não por modismo, mas por ser uma arte.
Sandra Gama Coelho
